segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Novíssimo cinema brasileiro

Uma nova geração prepara-se para renovar a produção cinematográfica nacional e ela está surgindo de dentro das universidades


O cinema nacional começa a receber as produções de uma nova geração de jovens e talentosos diretores, saída ou ainda nas universidades, que mesmo com todas as dificuldades de distribuição e financiamento conseguem rodar e lançar os seus filmes, nos diversos festivais espalhados pelo Brasil, seja em película seja aproveitando as facilidades trazidas pelos formatos digitais. Duas boas experiências apareceram nos últimos anos. Os longas Conceição - Autor Bom é Autor Morto (2007), de André Sampaio, Cynthia Sims, Daniel Caetano, Guilherme Sarmiento e Samantha Ribeiro, e Apenas o Fim (2008), de Matheus Souza, mostram a qualidade das produções universitárias.

Apenas o Fim, gravado em digital, este ano, no campus da PUC-RJ, revela o diretor Matheus Souza, de apenas 20 anos, atualmente no 6º semestre de Comunicação Social. O filme apresenta uma narrativa contemporânea e bem-humorada, sobre a relação amorosa de um típico casal de estudantes universitários nos dias atuais. Em seu blog na Internet, o jornalista Marcelo Tas afirma que o longa "é o primeiro retrato da geração digital feito por ela mesma, sem intermediação de produtores gulosos ou cineastas antigões, querendo dar uma de moderninhos". Matheus conta que a verba do filme veio da própria universidade, de amigos e das diversas festas que promoveu para financiar a empreitada.

Já Conceição é apontado como o primeiro longa produzido por alunos de uma universidade brasileira, a Universidade Federal Fluminense (UFF). Levou dez anos para estrear nas telas e, por enquanto, continua no circuito de festivais - o caminho necessário para firmar o nome e tornar conhecido o trabalho de quem está começando. O motivo para não estrear comercialmente? Dinheiro! "Rodamos o filme entre 1998 e 2000, mas ele só foi ficar pronto no ano passado, quando chegou o recurso da Ancine para a Rio Filme. O grande problema é conseguir a grana. O processo de finalização e laboratório custou mais de R$100 mil. Um estudante, geralmente, não tem essa fortuna!", resume Daniel Caetano, produtor, roteirista e um dos diretores do longa, que foi captado em 35mm.

Em São Paulo, Marcel Izidoro, 23 anos, contou com o apoio de vários colegas de curso para rodar Caixa Preta, enquanto era estudante na Faap, outro importante centro de produção cinematográfica universitária. Rodado em digital e 35mm, o longa estreou este ano no circuito dos festivais.

As próprias universidades emprestam os equipamentos e algumas delas, percebendo a importância de criar uma vitrine que promova os seus cursos, começam a colocar uma grana nos projetos cinematográficos de seus alunos. Os frutos das obras já estão sendo colhidos. Os bons resultados nos festivais ajudam a divulgar o nome das instituições de ensino.

Outra face desta mesma geração foi buscar formação e oportunidades nas grandes escolas internacionais, especialmente as grifes USC (University of South Califórnia), UCLA (University of California Los Angeles), NYU (New York University), para citar algumas, e também a prestigiada escola de cinema de Cuba, localizada em San Antonio de los Baños e fundada pelo Nobel de literatura, Gabriel García Márquez.

Um dos jovens diretores brasileiros mais notórios no exterior atende pelo nome de Antonio Campos, 25 anos, filho do jornalista Lucas Mendes e da produtora Rose Ganguzza. Já dirigiu mais de 20 curtas-metragens e documentários. Seu talento tem sido confirmado pelo prestigiado Festival de Cannes. Em 2005, Buy It Now estreou lá e faturou o prêmio Cinéfondation. No ano seguinte, foi aceito para Residência de Cannes, quando escreveu o roteiro de seu primeiro longa-metragem, Depois da Escola (After School) - que foi, em 2008, selecionado para a mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar), a segunda mais importante do Festival, voltada para a descoberta de talentos. No Brasil, o longa pôde ser conferido, no mês passado, pelos freqüentadores da 32a Mostra de Cinema, em São Paulo, depois de passar pelo New York Film Festival. Em 2007, esteve mais uma vez presente em terras francesas com o The Last 15. Antonio fundou a produtora Borderline Films, junto com dois colegas de classe da Universidade de Nova York (NYU), onde estudou cinema.

Um dos jovens diretores brasileiros mais notórios no exterior atende pelo nome de Antonio Campos, 25 anos, filho do jornalista Lucas Mendes e da produtora Rose Ganguzza. Já dirigiu mais de 20 curtas-metragens e documentários. Seu talento tem sido confirmado pelo prestigiado Festival de Cannes. Em 2005, Buy It Now estreou lá e faturou o prêmio Cinéfondation. No ano seguinte, foi aceito para Residência de Cannes, quando escreveu o roteiro de seu primeiro longa-metragem, Depois da Escola (After School) - que foi, em 2008, selecionado para a mostra Un Certain Regard (Um Certo Olhar), a segunda mais importante do Festival, voltada para a descoberta de talentos. No Brasil, o longa pôde ser conferido, no mês passado, pelos freqüentadores da 32a Mostra de Cinema, em São Paulo, depois de passar pelo New York Film Festival. Em 2007, esteve mais uma vez presente em terras francesas com o The Last 15. Antonio fundou a produtora Borderline Films, junto com dois colegas de classe da Universidade de Nova York (NYU), onde estudou cinema.

Marcos Sigrist, formado pela University of South Califórnia (USC), escola fundada pela mesma Academia que criou o Oscar, optou por voltar ao Brasil, por ser mais barato produzir aqui. Trouxe dinheiro de um investidor norte-americano para rodar o seu primeiro longa, Ainda somos os mesmos, para o qual conseguiu participações de Antonio Abujamra e Laura Cardoso. Já editado, o filme encontra-se em fase final de captação, para financiar a pós-produção, sempre a parte mais cara do projeto. Marcos fundou a Vertigem Filmes, que produziu o documentário sobre a direção de arte do filme Carandiru, e recentemente associou-se ao experiente produtor Sérgio Kieling. Prepara-se também para rodar a biografia do cantor Jair Rodrigues, em forma de documentário.

Um pouco mais veterana, Daniela Broitman também se formou nos Estados Unidos. Cursou a UC Berkeley, em Jornalismo. Algum tempo depois, trocou uma bem- sucedida carreira na área pela paixão pelo documentário. Lança este mês seu segundo longa-metragem independente, intitulado Meu Brasil, filme que narra o dia-a-dia dos líderes comunitários e a jornada deles no Fórum Social Mundial. Estréia prevista para 28 de novembro em São Paulo.

Ela afirma que fazer cinema é uma profissão de muita luta e classifica o cineasta como um guerreiro. "O que falta são os espaços para se obter apoio, trocar informações, ser orientado. Depois que sai da universidade, o ex-estudante fica muito solto no mundo", conclui.

No exterior, os realizadores encontram o mesmo problema de finanças e distribuição. "A diferença entre o Brasil e os Estados Unidos é que eles têm muitas fundações, organizações e cooperativas que incentivam o cinema. Posso citar a Film Arts Foundation, em São Francisco, na Califórnia. Você tinha uma comunidade com quem conversar, que lhe atendia e orientava", explica Daniela, que teve o seu primeiro longa, A Voz da Ponta - A Favela Vai ao Fórum Social Mundial apoiado pela Ford Foundation.

Outro aspecto interessante, explorado por ela em sua carreira, é o circuito informal que existe nas universidades mundo afora e também no Brasil. Daniela viaja com os seus filmes profundamente humanistas e de temática social, proferindo palestras e realizando debates. Meu Brasil já esteve em várias instituições de prestígio nos Estados Unidos, incluindo Stanford, Princeton, Harvard, Columbia, New York University, New School, University of California Berkeley, Johns Hopkins, Cornell, etc. No Rio de Janeiro, já promoveu sessões na UFRJ, UERJ, PUC-RJ, Estácio e ESPM. Chega a São Paulo com exibições agendadas para USP, PUC e Faap.

Fonte: http://www.offline.com.br/edicoes/9/artigo118045-1.asp

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